Movimentos sociais de todo país começam a reagir nas redes e se preparam para ir as ruas
Por Katharina Garcia
AGNOT - MSF 04.04.18
KG - As
declarações do general Luís Lessa e do pré-candidato ao governador do DF,
general Paulo Chagas, como também do general Villas Boas pregando uma
intervenção militar e a implantação de um novo regime ditatorial no Brasil
provocou reações as mais diversas em todo o país, principalmente de
ex-militantes que sobreviveram à luta contra a ditadura e no combate nos tempos
da luta armada.
Em
Brasilia, e com o apoio de toda a militância dos movimentos populares do PSB e
nos vinte e seis estados e do DF no país, o que chamou a atenção nos meios
políticos foi a reação do Secretário Nacional dos Movimentos Populares do PSB,
advogado Acilino Ribeiro; um ex-guerrilheiro que lutou contra a ditadura
militar e sobreviveu a prisão, as torturas e ao exilio.
Segundo
ele: “Quem tem que ir para a cadeia são esses
nazis- fascista desses três generais golpistas. Pois seja qual forem as
circunstâncias que existir, intervenção e ditadura militar nunca mais pode
existir nesse país. Qualquer civil ou militar que defender essa posição de
repetir o golpe de 1964 é um canalha, agente do imperialismo, torturador e
adepto do nazi-fascismo e pode ter certeza que enfrentará pela frente um
"Exército" de democratas que já viveu numa ditadura e teve a coragem
de enfrentar esses canalhas e torturadores de arma em punho como fiz uma vez, e
faria de novo. E se esse governo tem
alguma moral, deve mandar prender esses generais. Se não o fizer é que está
compactuado”. Afirmou.
Irritado
com os militares pró-golpe e lembrando dos tempos de luta contra a ditadura,
quando foi um dos comandantes da luta contra eles nos anos de chumbo, Acilino
afirmou que: “Eu tenho nojo de ditadura.
Mas não tenho medo delas. Eu tenho coragem de enfrentá-la se vier e o farei
novamente. Não passarei de novo pelo que já passei uma vez e vi milhões de
brasileiros passarem. Não arriscarei ver novamente mulheres terem o bico do peito
arrancado por alicates, serem estupradas em câmaras de tortura, companheiros
morrerem em cela nos porões de uma ditadura e centenas de companheiros e
companheiras desaparecidos até hoje” disse.
Mais
adiante, após fazer uma analise do que foi o regime militar Acilino Ribeiro
disse: “Um socialista não admite isso.
Intervenção é golpe e você pode saber quando começa, mas não sabe quando e como
termina. E nem que seja um minuto não se pode admitir isso. Para quem não sabe o PSB, meu partido, passou
20 anos na ilegalidade com seu registro cassado pelo Ato Institucional nº 2 dos
militares e seremos como em 1964, os primeiros como os comunistas, quando eu
estava no PCB, a sermos jogados nos porões dessa nova ditadura que esses
generais fascistas estão pregando. E
eu não vou viver isso novamente. Eu não sobrevivi a utopia revolucionária para
viver sob ditaduras. Um revolucionário não vive submisso e de joelhos. Lutará
sempre pela democracia”. Declarou.
Em
seguida Acilino disse que: “Eu desafio
esses generalzinhos covardes que falam por trás das armas, a irem para um
debate público de ideias e fatos comigo, frente a frente, e que pode ser numa
universidade ou num quartel, e faço esse desafio nas redes sociais divulgando
essa mensagem”, afirmou irritado, com a possibilidade de um golpe militar.
Sempre afirmando: “Não viveremos isso
novamente. Esse fantasma não me assombra, me dar coragem para lutar, e lutarei”.
Disse.
E
finalizou conclamando toda a militância do PSB, em especial dos movimentos
populares do qual é o Secretario Nacional no PSB, e ainda dos demais partidos de
esquerda e movimentos sociais a irem par as ruas enfrentar os golpistas e
defender a democracia ameaçada.
Quanto
a nova declaração do general Paulo Chagas
de que “aguardo ordem”,
insinuando que espera as ordens dos generais superiores para partir para o
ataque e liderar um golpe, Acilino disse:
“ Esse generaleco não passa de um robozinho teleguiado por outros fascistas que
não terão voz de comando, pois dentro
dos quartéis tem militares honrados, que amam a nossa pátria e são
institucionalistas e não obedecerão a esses nazistas para irem as ruas golpear
a democracia que tanto demoramos para construir”. Enquanto mais adiante foi
mais duro e disse: “Pois enquanto ele
aguarda ordens eu sigo minha consciência de homem livre e patriota,
anti-imperialista, e conclamo a todos os democratas de meu país a reagirem, e
faço um apelo a jovem oficialidade dentro dos quarteis e aos praças que são
aqueles quem realmente comandam tropa: que se rebelem contra os golpistas e
prendam esses generais que querem golpear a democracia” Enquanto, mais
adiante afirmou: “Não obedeçam a generais fascistas. Em nome
de Deus e da Pátria, procurem saber o que foi a ditadura no Brasil, o que ela
fez, quantos ela matou e roubou e o mal que praticou em nosso país, e lutem
pela democracia, a justiça e a liberdade. Se preciso saiam ás ruas, mas para
defender a Democracia, contra esses adeptos da tortura. Fomos misericordiosos
na vitória quando derrubamos a ditadura e perdoamos nossos torturadores,
aceitando a anistia da forma que ela veio, mas se necessário seremos
implacáveis na luta novamente, como sempre fomos”.
Ao
final da tarde Acilino havia recebido manifestações de milhares de apoiadores
nas redes sociais e através de grupos de zap, principalmente de vários
militantes de organizações que combateram a ditadura e ex-guerrilheiros que
lutaram com ele contra o regime militar e que repudiam a intervenção dos
militares no processo institucional brasileiro. Ao finalizar Acilino disse: “Lutamos numa época em que a morte era o
preço da coragem e só os kamikazes sobreviviam, num tempo de trevas e horrores,
mas isso não tirou nossa coragem; pelo contrário, fortaleceu nossa disposição
de luta e de amor à pátria e a democracia”. E se antecipou gritando a
palavra de ordem que norteou a luta da esquerda contra o regime militar: “Abaixo a ditadura”, antes que ela
chegue, E lembrando o último dos
cassados pelo AI 5, o ex-deputado Alencar
Furtado repetiu as palavras que o levaram a cassação: “Não seremos mais o país de filhos órfão de pais vivos, quem sabe?
Talvez. Órfão do talvez ou do quem sabe” e mais adiante afirmou: Lutaremos:
“ Para que não haja esposas que enviúvem
com maridos vivos, ou mortos, quem sabe? Viúvas do quem sabe ou do talvez”.
Finalizou. O que foi aplaudido por dezena de
estudantes que assistiram sua entrevista antes de uma palestra numa
universidade de Brasília e coincidentemente fazia uma exposição de fotografias
dos tempos da ditadura, inclusive várias fotos de Acilino quando guerrilheiro.
PERFIL: Acilino Ribeiro é hoje o Secretário
Nacional de Movimentos Populares do PSB. Partido Socialista Brasileiro. Foi
militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no final dos anos de 1960 e
começo dos anos 70; e militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR8
na década de 1970. Foi preso, processado e torturado e teve que viver muito tempo
na clandestinidade durante os anos de chumbo; foi para o exilio e na Líbia se
tornou homem de confiança do Coronel Muammar Khadafy com quem e onde fez seu
treinamento de guerrilha com grupos palestinos durante os tempos da ditadura. Foi
um dos mais poderosos homens da Internacional Revolucionária, que congregava e
coordenava as ações de diversos movimentos guerrilheiros e organizações
revolucionárias no mundo, e chefiou a Contra Inteligência dessa organização que
tinha sede em Trípoli na Líbia. Hoje também é professor universitário em Brasília
e exerce grande influência junto aos movimentos sociais não só no DF, mas em
todo o país. É Subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular do
GDF e pré-candidato a Senador da República pelo PSB.
A
reportagem procurou os generais Luís Lessa e Paulo Chagas, mas estes não
atenderam os telefonemas para se manifestarem. Enquanto diversas outras
entidades e movimentos também se manifestaram sobre o assunto e condenaram as
declarações pregado o golpe pelos militares. Estão nas redes notas da Frente
Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Centrais Sindicais e centenas de
movimentos sociais e sindical do país.
AGNOT - MSF 04.04.18
KG.
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